O contrário do Amor
O contrário de
bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de
entrar na escola.O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a
lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono
imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a
noite inteira, esquecido por completo da sua existência?
Para odiar alguém,
precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por
piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio,
e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e
tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no
peito. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.
Já para sermos
indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão
pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma
prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus
modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca,
coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de
sua ausência.
Só bem mais
tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que
descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a
indiferença é um exílio no deserto.
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